Técnicas de Caça Sub

Técnicas:


CAÇA SUBMARINA AO BURACO


Esta é a técnica que utilizo mais e julgo que seja a mais utilizado pela maioria dos praticantes com pelo menos alguma experiencia, é difícil tipificá-la, pois são tantas as formas existentes.
O caçador submarino principiante ouve vagamente falar de " buracos de sargos ", e aos que nem praticantes são, nem tal passa pela cabeça: caçar em buracos?
Na caça terrestre as peças escondem-se, e todos tem noção disso, pois o mesmo acontece com os peixes no mar que se escondem, abrigam e até vivem dentro ou debaixo das pedras, que constituem o dito fundo do mar.
Para o buraqueiro, há duas categorias de peixes:

PEIXES E BURACOS:


Categoria 1) Os que vivem entocados - safio, moreia, abrótea, faneca, rascasso, mero ( este também é visto a caçar em água-livre mas a dependência da toca é absoluta).

Categoria 2) Os que se abrigam em tocas e estes ainda se dividem em duas categorias:

A> Os que correntemente se abrigam em tocas: sargos, robalos, bodiões e enxaréus.

B> Os que também podem abrigar-se em tocas: tainhas ou liças, salemas, douradas, pargos, corvinas, lírios, badejos e badejos-quadrados.

Ou seja quase todos, porque se a abrótea e o safio vivem entocados, evoluindo pelos buracos, outros como o sargo e o robalo é na pedra que buscam proteção para descanso ou defesa. Já a corvina e o lírio o fazem apenas para descansar, e as salemas por exemplo, entocam quando são perseguidas e sobretudo se perdidas do cardume ou quando fragilizadas, é frequente ver estas, um sargo ou até mesmo uma tainha feridos ou com outro problema num buraco. Assim sendo será possível encontrar qualquer tipo de peixe entocado, o que depende das situações que se apresentem.
A caça ao buraco reside precisamente na procura dentro e debaixo das pedras, em buracos portanto, ao peixe que ai se abriga ou vive.

COMO E QUANDO:


Esta é uma caça que se faz com vagar, nadando calmamente a bater o fundo e procurando as tais pedras com falhas, partidas, amontoadas, sob as quais possa haver espaços. O terreno a bater é geralmente curto, pois a pesca ao buraco é feita de espiolhar minuciosamente o fundo, há buracos que na maioria das passagens pelo local, não nos passa pela cabeça que possa lá existir um, até que resolvemos um dia passar bem próximo deste e " voilá ", encontramos um belíssimo buraco, que até mesmo sendo estreito pode conter um ou dois sargos de kilo, a este trabalho quando feito com rigor chamamos, " palitar ". Sucede por vezes nem se ver peixe algum e depois ir espreitar sob alguma pedra e... parece um aquário! Ou pelo contrário ver-se muito peixe por toda a parte e quando vamos aos buracos... nada! O pescador submarino tem assim de perceber o que foi dito atrás:
Os peixes que estão permanentemente entocados, são poucos! A maioria trata da sua vida em água livre e depois recolhe-se nas tocas para descansar ou se abrigar.
Ou seja conclui-se assim, que há uma altura para o peixe andar em água livre e outra para entocar e as várias influencias para este acontecimento são as marés, a luminosidade e a defesa.

Influencia 1 - As marés:

Na maré alta a massa de água avança e revolve o fundo, chega a zonas que estiveram a descoberto e desta forma é aumentado em grande escala o campo de alimento para os peixes, sejam estes mariscadores, filtradores ou caçadores. Quando a maré sobe, diria que a partir de meia-maré alta, até à meia-maré baixa, cria-se uma corrente alimentar e o peixe tende a andar em água livre, procurando o seu alimento.

Influencia 2 - A Luminosidade:

A hora têm influencia no comportamento dos peixes e fá-lo ao contrário, ou seja os peixes que vivem entocados como os safios, abróteas, moreias, etc., saem dos buracos á noite. Por sua vez os peixes de atividade em água livre, tendem a procurar os buracos com o escurecer, caso flagrante de sargos e safias. Já o mero, nas horas altas de sol, tende a estar em água livre e sobe para as zonas mais baixas. Os peixes caçadores tem por habito chegarem-se a terra e às pedras nas horas baixas de sol, como o nascer e findar do dia, caso flagrante dos robalos, pargos, raias e douradas em bancos de mexilhão. Eu já cheguei a dar de caras com robalos de vários kgs com água pelo joelhos ou a esfregarem-se na areia por baixo de numa ponta de rocha com um metro de profundidade nas referidas circunstancias. E podem também entocar, até como defesa contra nós. Dizem os mais experientes que isto é válido em todos os mares do Mundo.

Influencia 3 - A Defesa:

Como já referido, o peixe pode nadar em água livre numa zona e a presença de um predador ( nós incluídos ) o obriga a entocar, que é instintivo. Pode suceder exatamente o contrário, ou seja, estarem em repouso num buraco e a aproximação do caçador submarino deste, os faça abandonar o refugio, o que é frequente se o peixe foi caçado, algo que notamos em relação ao que se passava à uns anos atrás, prova de que o peixe evolui e adquire novos comportamentos defensivos, isto é, aprende.

Jogando com este factos o pescador experiente tem de trabalhar de forma a influenciar o comportamento dos peixes. É fulcral saber o tipo de fundo propicio à caça no buraco, pois não basta haver pedra, é necessário que esta tenha anfractuosidades, rachas, fendas, se amontoe ( é costume chamarmos de "acidentes" ), ou seja que crie espaços , os referidos buracos. Com a experiencia o caçador submarino vai desenvolvendo o chamado sentido da pedra que faz com que mesmo da superfície consiga identificar os pequenos indícios da existência de uma boa pedra ou até pequenos movimentos de peixe ( peixe que desaparece no fundo e reaparece no mesmo sitio ) e a influencia da hora do dia e estado da maré que também ajudam, como já foi referido. Assim o pescador submarino saberá se deve ou não investir nesta técnica. Sobretudo se na maré baixa quando tende a estar entocado, por oposição à procura de comida na maré-alta.

O peixe poderá estar á vista e assim começamos por caçar em água-livre, efetuando umas esperas, deslocando-nos pelo fundo à índio, e o peixe pode então começar a entocar. O ideal é que se cace ao buraco depois de insistir nas técnicas de água livre e quando deixarmos de constatar a presença do peixe ou pelo menos de presas maiores por ali. Então é procurar pedras mais atrativas e selecionar, o que obviamente faz a diferença entre o saber...ou ter sorte!
O peixe que está entocado pode manter-se ai ou fugir mal espreitamos o buraco. Como já referi eles aprendem e podem ter tido já experiencias anteriores que lhes indicam não ser seguro permanecer ali após verem o mesmo tipo de invasor. Há que estar preparado para atuar com rapidez e capturar de imediato uma boa peça que pode não dar a segunda oportunidade ( ás vezes as melhores peças são caçadas com um tiro perspicaz e instintivo aquando no aparecimento repentino desta durante a prospeção dos buracos).

O pescador submarino deve saber interpretar os sinais do peixe, também entocado:

Quando o peixe está calmo, apresenta uma cor escura, uniforme e estável, quando se juntam e estão perto de anfractuosidades dentro do buraco, imóveis, é sinal de que se sente seguro e então podemos pescar com calma, mais do que um exemplar. Mas se mantem a cor clara  e sobretudo faz mudanças de cor, move as barbatanas e abre e fecha a dorsal a anal, se se mantem perto das saídas e de cabeça virada para elas...há que ser rápido, pois está inseguro e prepara-se para fugir.

A forma de abordar o buraco é muito importante e pode contribuir para que transmita tranquilidade ou provoque a fuga. Desta forma a natação deverá ser sempre ritmada e sem gestos bruscos, não emitir ruídos nem vibrações, seja com o material ou por razões de deficiente técnica individual ( eu chego a tirar o tubo respiradouro da boca antes da descida para não borbulhar quando estiver próximo da presa. ). 
O buraco não se aborda de frente, aborda-se de lado, ou, por cima, mesmo em posição invertida ( de cabeça para baixo ), e de modo a que nos mostremos o menos possível, só a espreitar e introduzindo a arma ao mesmo tempo com toda a cautela possível, sem tocar em nada com o material. Estuda-se e localiza-se o peixe, arpoando os que estiverem à vista e de maior porte, evitando atirar ao monte, escolhe-se um e de preferência na ponta, ou perto de uma saída, numa tentativa de evitar que se dê o mote, iniciando a debandada. Só depois, na fase final poderemos entrar no buraco e prospetar bem, se for caso disso.

Caçar ao buraco é uma caça muito divertida e animada, pois obriga-nos a desenvolver mil e uma artimanhas e truques numa luta de inteligência e ratice contra as defesas naturais do peixe, no que mais parece um jogo do gato e do rato. Truques como colocar um pé ou deixar uma arma dum lado para atirar do outro, a ir fazer barulho numa ponta da pedra para depois ir tentar arpoar o peixe do lado oposto.
Também há que ter em conta o facto de que se a água estiver limpa o peixe por uma questão de defesa segura-se melhor no buraco, o que não acontece com a água mais suja. De resto é uma técnica que se pode também praticar com água suja, pois muitas vezes acontece a água estar mais limpa dentro dos buracos, salvo se houver muita força de fundo, que pode até torna-la impraticável por agitar areia ou sedimentos debaixo das pedras a ponto de nem o peixe ai poder estar.

 

MATERIAL A USAR:

  • O fato deve ser resistente, pois o contacto com a rocha, pedra e fundo vai ser constante e assim dando-lhe grande desgaste. ( pelo referido motivo esfregamo-nos constantemente em algas e estas agarram-se como velcro ao fato, por vezes fico cheio de algas agarradas e outras com filamentos de anémonas, tenham especial atenção por este ultimo, pois se tocarem na vossa pele será semelhante a um ferro em brasa, facto característico pelo ácido que libertam ).

  • Boas luvas são fundamentais, pois as mãos e principalmente a de apoio vão estar em contacto direto e constante com a pedra, ouriços, coral, cracas, as já referidas anémonas etc.

  • Uma lanterna, que para a caça deve ser pequena, manejável, fácil de acender e com um foco concentrado. ( As lanternas recentes são todas de leds e compactas, na minha opinião são impecáveis, mas também deverá ser utilizada só quando não conseguir ver a presa, pois são uma autentica explosão de luz dentro de um buraco).

  • Se caçarmos de barco ou sem grandes deslocações a nado, as barbatanas curtas, largas e rijas são vantajosas.

  • A boia é um importante apoio, pois ajuda-nos na marcação do fundo. Há mesmo quem use uma pequena boia metida no cinto, com uma linha fina e uma chumbada de pesca para auxiliar na marcação rápida. Também o uso de carreto pode ser útil, pois a arma fica na superfície a marcar o local onde o peixe foi arpoado, o que com à suja ou corrente é obvio.

  • A arma vai depender dos buracos, que podem ser amplos e compridos, mas além da "standard" de tubo 0,90 e arpão de 6,5mm x 1,20m, que como o nome indica serve para tudo, para o caçador especializado a melhor ferramenta é a "júnior" de tubo 0,75 e arpão de 6mm x 1,10m e claro, ter sempre uma "baby", quantas vezes feita em casa cortando um tubo para 0,50 ou menos e um arpão curto. Esta ultima é muitas vezes a única solução em determinadas fendas e buracos, quando temos o peixe quase a tocar na nossa cara.


 ALGUMAS REGRAS DE SEGURANÇA RELACIONADAS COM ESTE TIPO DE CAÇA:

 
 
  1. Não se caça ao buraco a 20 ou mesmo a 10 metros, como a 2 ou a 3 metros. A caça ao buraco, com espeleologia e contorcionismos faz-se sempre e só baixo, e á medida que a profundidade aumenta assim se abranda ou mesmo abandona.

  2. Não usar material nem qualquer ou tipo de peça de equipamento que possa prender-nos ou dificultar a nossa ação no fundo. Cuidado com cabos de arpão cravados em peixes presos ou encravados, podem ser uma armadilha mortal para nós. A lanterna é preferível tê-la presa com um elástico, pois é mais fácil de nos livramos desta caso fique presa.

  3. Atenção ao enchio nos buracos ou grutas que pode sugar-nos para dentro ou fazer entalar uma barbatana numa fenda e impedir-nos de virar ou sair e até mesmo arrancar-nos a mascara! Caçando ao buraco é mais importante do que nunca a presença de um companheiro.

  4. Estudar sempre bem o buraco que vamos atacar, antes de avançarmos para este com toda a sede do encontro com o peixe. Verificar se à enxio, espaço para virar, outras saídas e sobretudo se cabemos e podemos recuar sem problemas.

Vídeo explicativo da técnica:







CAÇA SUBMARINA NA ESPUMA OU NA BORDA:

 
Esta é uma técnica de caça que se têm vindo a aprimorar nos últimos anos e está cada vez mais difundida. Sendo uma caça típica do Atlântico, praticada sobretudo pelos pescadores Portugueses e Espanhóis, um pouco pelos franceses e a nível mundial, talvez só pelos taithianos, chilenos e peruanos, pois também no pacífico há necessidade desta caça. No entanto nos últimos campeonatos do Mundo e mesmo Europeus, se verifica que cada vez mais se dá atenção a esta técnica, o triunfo dos italianos no Chile em 2004 assim o demonstrou, bem como os recentes triunfos Portugueses, tanto a nível Europeu ( Rui Torres) como Mundial ( Jody Lot ).

Ou seja, se há campo de caça a explorar nos fundões, também à muito na borda ou espuma. Porém, ter em conta que não é de modo algum uma prática para principiantes, dado que pede além de bastante preparação física o perfeito domínio da técnica individual de movimento aquático, conhecimento do mar e do que se está a fazer.
 
É por estes e outros motivos que esta técnica é a mais dura e portanto reservada aos mais experientes. Consiste em caçar na borda de água/rebentação. O peixe encontra-se aí por duas razões principais:
  • Para se defender dos grandes predadores, que não os alcançam.
  • Para se alimentarem, sejam os que mariscam ou "babujam".
O caçador submarino, vai portanto procurar este peixe, e dentro do possível fá-lo-á progredindo pela borda, sendo precisamente nos dias em que a força do mar, ou seja rebentação, é maior provocando a referida espuma. É nestes dias que esta técnica será mais eficiente pelo facto de o peixe se sentir mais seguro e por conseguinte mais vulnerável. É quando também pede mais atrevimento e cuidado da nossa parte para sendo mais eficientes, preservarmos a nossa integridade. Digo isto pois é mesmo uma caça de ALTO RISCO!

 
QUANDO:
 
 
Esta técnica de caça submarina faz-se nos dias de mar batido e é tanto mais proveitosa quanto mais dias assim estiver, pois o peixe nessas ocasiões tem mesmo de se alimentar e irá ser na espuma que se encontra nas bordas das pedras de forma mais abundante. É uma caça que tem a ver com o Inverno e dias duros, mas os dias de Verão com mar forte também são bons.
A maré enchente e cheia, ou inicio da vazante são as alturas mais propicias, mas condicionadas pela força da rebentação que tende a ser maximizada exatamente no fim da maré. Atenção que no final da maré além da força da rebentação, temos a força da corrente que também é amplificada por este fator e entre outras situações as correntes ascendentes e descentes quando estamos a caçar junto da pedra com mar forte podem ser muito perigosas...e se é perigo ou suicídio que se quer, mais vale saltar de um avião sem para-quedas!
 
ONDE:
 
 
Nas paredes de falésias, nos escolhos e peões, nas zonas de rebentação das pontas e mesmo nas baias expostas ao mar, onde o mar parte. São zonas agitadas, oxigenadas e ricas em nutrientes. Onde exista pedra, ou substrato propicio à fixação de comida, mexilhão, cracas, percebes, ouriços, lapas, cardumes de peixe miúdo, todos atraindo-se uns aos outros como um bom exemplo de cadeia alimentar.
 
 
COMO:
 
O caçador submarino permanece naquela zona de fronteira, logo antes do ponto onde a força das ondas tende a levá-lo. Normalmente é sacudido, levantado, mas permanece, não sendo projetado para a rebentação, o "quebra-coco", como se diz na gíria do Surf também. Por isso começa por se inteirar da força do mar, avaliando a sua própria capacidade de caçar ou não, na duvida mais vale desistir! Também estuda se e onde partem as ondas, ou seja, se estas apenas passam ou quebram mesmo, pois onde quebram é onde o caçador tem de estar, devendo assim caçar logo antes ou exatamente depois, passar por lá apena num caso extremo. Atenção que este "exatamente", sendo o ponto de segurança, varia com sucessão e tamanho das ondas, ao longo do processo da enchente e vazante!
Portanto há que estudar muito bem este suceder das vagas, que normalmente se seguem dos mesmo tamanho e intensidade por uma série normalmente de 5 a 7, depois vêm duas ou três mais fortes ( daí o termo O SETE ) e logo retomam menor potencia, aquilo a que chamamos uma "raza". O primeiro passo é obviamente conhecer o ritmo e aproveitar a "raza" para atacar a zona, saindo logo antes da "porrada".
 
Há duas formas distintas:
A primeira é aguardar por fora, preparar o mergulho e apanhando boleia de uma das primeiras ondas menos fortes e ir pelo fundo, até ao local onde estará o peixe, mesmo na "pancada do mar". Podemos arpoar de imediato um e retirar com o refluxo da mesma onda, ou optar por nos agarrarmos ao fundo e fazer uma espera, deixando outras ondas passarem-nos por cima, regressando pelo mesmo caminho aproveitando o refluxo de uma outra onda. Isto pede força física, desembaraço e apneia.
A segunda forma é, identificando uma zona onde a força do mar diminua por causa de algum acidente de fundo, como seja uma depressão, o lado de dentro de um escolho, ou a zona de encontro de águas de fluxo-refluxo, haja uma possibilidade de ai permanecer ou mesmo nadar paralelo á zona de rebentação, com grande risco, mas também sucesso. É muito arriscado e pede um domínio da técnica que está ao alcance de poucos.
Há com certeza muitas variáveis e outras adaptações, mas o esquema base é este.
 
 
 
EQUIPAMENTO:
 
  • As barbatanas são da maior importância, pois sendo a nossa propulsão devem ter capacidade de resposta e potencia para contrariarem a força do mar. As atuais barbatanas de carbono parecem ser ideais. As de fibra ou plástico, com pala rija e larga podem ser também eficazes.

  • Umas boas luvas fortes para nos agarrarmos bem ao fundo, sem temer ouriços e arestas.

  • Um bom lastro, dependendo daquilo que nos dê segurança: pessoalmente prefiro estar um pouco mais pesado nestas condições e de forma mais equilibrada para que todo o corpo se mantenha melhor no fundo e na mesma posição, distribuo o peso pelo cinto, pernas e dependendo da espessura do fato, posso também colocar um colete nas costas. Este extras de pesos foram fabricados/adaptados por mim, mas já existem bons coletes de pesos para as costas e peito.

  • Um fato resistente, pois o roçar ou mesmo ser arrastado e a pancadas nas pedras vão ser muitas. Por experiencia própria, cuidado com os joelhos, pois estes sofrem muito e com o passar dos anos..."parecem cães a morder" :). Ou seja nada de fatinhos de miscla.

  • A arma deve ser leve, maneável e própria para tiros de água livre. Penso que uma 0,75 ou 0,90 com bons elásticos progressivos e arpão de 6,5mm x 1,30m darão boa conta do recado., até porque neste tipo de caça raramente se pode contar com boa visibilidade, ou seja é necessário muita atenção e um disparo instintivo. É de evitar carretos, adereços estranhos nas armas e que estas não ultrapassem 1 metro, pois a força exercida pela turbulência torna a simples tarefa de apontar a arma o mais difícil possível ao caçador.
 
PEIXES:
 
 
No que diz respeito a caçadores, podemos encontrar robalos, anchova e corvina.

Mariscadores - sargo e a dourada.

Herbívoros/Filtradores - tainha, salema.

Entocados - ocorrem buracos de safio, moreia, abrótea em zonas de rebentação, em fendas ou reentrâncias, que sendo remanso natural os defendem da força do mar. Nestas também podem estar rascassos e bodiões.

Nestas zonas ainda podemos encontrar - polvos, percebes, navalheiras, santolas, pargos, badejos. 

 

Vídeo explicativo da técnica:



 


 

CAÇA SUBMARINA À ÍNDIO:



Este tipo de caça tem um nome bastante sugestivo e original, advém da semelhança à caça terrestre de aproximação, em que os índios serão peritos. Consiste basicamente em percorrer o campo de pesca, rente ao fundo, usando os acidentes do terreno para nos escondermos, tentando assim localizar e aproximar, ou emboscar, o peixe.
Nesta técnica é de absoluta necessidade aplicar o principio nº 1 do caçador/pescador submarino, que é a descrição! Em nenhuma outra há que ser tão cuidadoso com o facto de não produzir ruídos nem movimentos que alertem o peixe. Para que haja bons resultados há que ter uma excelente relação de movimento aquático e à vontade em andar pelo fundo, por vezes na rebentação, o que exige ainda mais da uma boa forma física, bem como o domínio do equipamento que deve ser bem adaptado.
 
 
QUANDO:
 
É uma técnica que se pode usar e dá bons resultados com água suja, entremeada com esperas, quando não podemos prospetar de cima, Dá excelente resultado de Verão ou quando a força do mar deixa percorrer a borda da água, junto à rebentação e nos fundos baixos, onde o peixe come. Portanto na maré-alta. Se conhecermos o fundo, melhor, pois assim quer o percurso quer os "pontos mais quentes" estão previamente identificados e a tática prevista. Mas é também a melhor forma de se vir a conhecer um fundo novo.
Nas baixas e em volta de peões, na maré-vazia, podemos também aí, por em prática esta forma de prospeção e caça.
 
 COMO:
 
Nadando com vagar e descrição e discrição, tentando passar despercebidos, rasando o fundo, com movimentos curtos de pernas, usando sobretudo a mão que não segura a arma para nos conduzir e como ponto de impulsão, "rastejamos" pelo campo de caça, contornando o relevo, cosendo-nos com ele, escondendo-nos nas depressões e atrás das pedras ou mesmo passando por debaixo delas. Deste modo vamos surpreender o peixe que, coma, descanse, descanse ou também esteja emboscado ( caso dos robalos ), ou se a zona for propicia, atrai-lo em curtas esperas que faremos alternar com "reptação". Também alterna com a prospeção aos buracos, sempre que estes surjam. Nos campos de alga é ainda uma excelente técnica de progressão, por entre os caules ou nos caneiros.
 
 
GENERALIDADES:
 
É uma pesca que se pratica baixo, portanto sem recurso a apneias forçadas, mas sujeita a outros riscos como a rebentação. Há que estudar bem este fator e avaliar a situação, a força do mar, cadência das ondas, etc., antes nos fazermos ao mar.
Quem pratica este tipo de caça e consegue excelentes resultados, são normalmente os caçadores que conhecem bem o peixe e sua forma de estar na água, bem como os que conseguem fazer uma rápida leitura do fundo.
O tiro, normalmente é instintivo e rápido, sem muito tempo para fazer pontaria e pensar em pormenores, quando surpreendemos um peixe ou ele vem investigar. Muitas vezes com ele em movimento ou em ângulos pouco favoráveis e sem tempo para preciosismos.
 
 
MATERIAL:
 
 
  • O lastro é fundamental nesta técnica e deste depende muito o sucesso da caçada, pois o pescador para evoluir num fundo baixo e com força de mar tem de andar pesado. Apesar de parecer exatamente o contrario quando caminhamos para entrar no mar ou mesmo na remada até ao pesqueiro, vamo-nos cansar muito menos durante a esta técnica de caça, pois para contrariar a ausência de peso, o esforço compensatório ( bater da barbatana e a força para agarrar as pedras etc ) vai ser muito maior. Se houver daqueles coletes com pesos distribuídos melhor. Também nos pés se deve colocar algum peso ( eu não saio sem eles ), embora o ideal sejam barbatanas que não flutuem.
  • As barbatanas devem ser curtas e largas para facilitarem a natação rente ao fundo e sem cores vivas. Como já foi referido não flutuantes para evitar colocação de pesos nos pés ( eu uso em quase todos os mergulhos, pois estou habituado á estabilidade e por uma questão de melhor distribuição de peso e em virtude de diminuir a probabilidade de ter dores nas costas e cintura ).
  • O uso de luvas é fundamental, sobretudo na mão esquerda que vai ser usada na locomoção  e para nos agarrar-mos ao fundo, em contacto com pedra abrasiva, ouriços, etc.
  • A máscara tem de ser de grande amplitude no que toca ao campo de visão, nada como os velhos "aquários"!
  • Usar boia é complicado neste caso, o ideal é uma daquelas bois nadador-salvador com uns metros uns metros de fio fino, flutuante, e com um chumbo que se entala no cinto e pode largar com rapidez. Estas boias sendo muito robustas ao contacto com as rochas são as de menos resistência de tração, portanto quase nem as sentimos nas ondas.
  • A arma convém ser manejável, com tubo muito leve de 25 ou em carbono. Este será de tamanho médio 75 cm ( júnior ) ou 90 cm ( standard ) no máximo. Assim podemos caçar ao buraco e á espera simultânea e alternadamente.
  • O arpão, na minha opinião deverá ser de 6 mm x 1,15 m ou 1,20 m, num outro caso respetivamente. Como não é pesado permite tiros rápidos e é manejável. A titulo pessoal acho e por isso uso habitualmente para este tipo de caça, que o conjunto de arma 75 cm com arpão de 6 mm por 1,15 o mais equilibrado.
  • Os elásticos devem ser dos progressivos ( brancos ) e força média - 0,16 ou 0,18 - pois os tiros são na maior parte dos casos de média distancia, proporcionando assim, rapidez e alcance.
  • O uso de carreto não se justifica e pode até atrapalhar. Eu não uso neste tipo de caça. 
 
PEIXE:
 
  • O eterno sargo, sobretudo na rebentação, esteja entocado ou a mariscar.
  • Os robalos, caçadores de rebentação, como nós, são outra presa de esperar. Também podem estar entocados, mesmo na força do mar. Muitas vezes estão atrás de uma pedra ou remanso, quase a seco, emboscados.
  • Tainhas e salemas, o recurso nas competições! Caçam-se quase a seco, nas pedras onde andam á "babugem".
  • As anchovas, outro caçador " da espuma", muitas vezes no mais revolto da "lavadia".
  • Outro peixes podem ser atraídos pela nossa movimentação para verificar o que realmente somos! Podem ser:
       - O bodião, peixe de fundo e territorial que sai então das tocas.
       - Corvinas que cacem perto e nos sentindo, venham ver.
  • Outros ainda que avistados vão ser aproximados e intercetados assim, pelo fundo:
       -  Pargos que nas horas propicias do dia - sobretudo pela manhã ou tardinha - vêm á borda ou        aos fundos altos, comer.
       - Meros que nas horas altas de sol, sobem a fazer o seu banho de luz ou estão em posto de caça.


Exemplo de caçada Á Índio:



Caros subscritores, este foi o ultimo artigo desta pequena série de três técnicas de caça submarina.

De futuro irei publicar mais sobre outro tipo de técnicas, dicas, exercícios para nos mantermos em forma, eficácia de materiais etc., sempre com base na minha humilde experiencia e de outros grandes caçadores.

Espero que tenham gostado e sobretudo vos tenha sido útil, se desejam continuar a acompanhar este projeto, subscrevam o canal e acionem as notificações.

Até à próxima e bons mergulhos
 
 
 
 

LER AS CORRENTES:

 

No que diz respeito aos principiantes da caça submarina, observar o mar, entender a ondulação, ler as correntes, entre outras análises do plano de água, pode não ser uma constatação óbvia e imediata.
Por vezes, interpretar o mar é um assunto que leva anos a ser entendido, e que é obtido com a conjugação de outros fatores que podem fornecer ótimas pistas, como a nebulosidade, o vento, entre outros. As correntes marinhas podem ter várias origens, no entanto para o caçador submarino apenas algumas tem influencia direta na sua atividade, pois muitas outras são formadas em condições muito especiais em que a prática da caça submarina já não é viável.



As marés:

 
As correntes marinhas mais comuns e previsíveis são as derivadas das marés.
Em cada ciclo de 24 horas existem tipicamente quatro "estados" de maré, duas preia-mares e duas baixa-mares.
Em alguns locais, estas movimentações de água não são sentidas, não provocando nada mais do que uma subida e descida do níveis das águas do mar, apresentando mais ou menos profundidade numa determina zona, conforme a situação que se apresente. Por outro lado temos locais em que a maré tem grande influencia, provocando correntes muito fortes. Há locais onde apenas é permitido pescar quando a maré está a mudar, quando corrente num sentido (por exemplo na preia-mar) está a abrandar e vira para o sentido inverso. Este espaço de tempo que pode ser de trinta minutos, ou mais de uma hora, dependendo do local, em muitos casos é o único tempo útil para podermos caçar. Este fenómeno acontece normalmente junto a rios ou em baixas em baixas em pleno mar aberto que sobem de grandes profundidades.
Uma maré "grande" provoca maiores correntes. Se numa maré "pequena" é fácil nadar e caçar, o mesmo pode não acontecer numa maré "grande". Dentro do universo das marés "grandes" pode acontecer que algumas sejam ainda maiores, normalmente nos Equinócios. Se a esta grande movimentação de água juntarmos outros fatores que são mais imprevisíveis, como por exemplo, uma forte ondulação ou muito vento, este conjunto de condições altera significativamente um cenário que não é comum para uma determinada zona.

Na foz de um rio, para se saber qual o sentido em que corre a água, basta olhar para um barco fundeado e determinar a orientação da proa. A proa indica-nos de onde vem a corrente. No mar aberto para se perceber a corrente, se esta existir, há que procurar uma bóia de pesca e ver para que lado esta se inclina. Se não existir uma bóia, que nos dê essa informação, devemos parar a embarcação e ver para que lado esta descai. Esta análise feita a partir de um  barco pode ser influenciada pelo vento.
Se a nossa leitura da corrente for feita a partir de terra, podemos olhar para o mar e ver para onde se desloca a massa de água, ou avaliar a corrente junto às rochas, pois dá para ver a massa de água e como que se está a "dobrar" ao passar pela rocha ou pedra. As bóias de pesca também nos podem dar informações.Condições Caça Sub 

Para saber a maré que vai encontrar, pode recorrer a vários meios, à página "Condições Caça Sub " do blog Mar Livre que tem sempre a tabela das marés e informação sobre o estado do mar para o final de semana ou visitar o instituto hidrográfico em : http://www.hidrografico.pt/previsao-mares.php . 
 

Ondulação:


Outra "fonte" de correntes marinhas é a ondulação e circulação de água que esta provoca. Quando a ondulação é pequena a movimentação de água é igualmente pequena, quando esta aumenta, a água que vem nas vagas e chega à linha da costa ( por exemplo: praias) terá de voltar para trás.
Este fluxo de água cria naturalmente correntes, que podem em muitos casos ser pontuais/localizadas, este acontecimento pode preocupar o caçador submarino. Normalmente as correntes criadas pela ondulação são bem visíveis ao observador. Estas correntes podem ser ampliadas com o fator maré.
As ondas trazem a massa de água para junto da costa/praia e esta é escoada por canais laterais (no caso de baías de pequenas dimensões) ou por canais aleatórios, muito bem definidos. Quando há alguma ondulação é bem visível um local onde o mar não "parte", é exatamente nesse local que a água é escoada para fora. Para se entrar no mar, este será o local indicado, para voltar a terra o regresso deverá ser realizado na ondulação. Mesmo que seja desagradável vir no meio do espumaço é o método mais eficaz de voltar á praia e até podemos ver o exemplo do surfista que apanha a onda.
Por vezes o caçador submarino pode ser confrontado com alguma ondulação, que não sendo forte terá de ser ultrapassada, pois do outro lado pode estar um mar sem vento, com água cristalina e bons troféus a passear na espuma de uma ilhota ou algumas pedras pouco profundas para se caçar ao buraco.
Alguns exemplos concretos de locais que podem ter alguma ondulação e corrente, mas que dão  acesso a bons locais de caça: Praia do Amado ( Pedra do Cavaleiro ), Praia do Castelejo e Praia da Samarra, entre muitos outros.

Equipamento:

 
Para a caça submarina em zona de correntes e para fazer deslocações à barbatana, o ideal é usar uma prancha. Este acessório não só nos retira da água e nos facilita a progressão como ajuda a transportar peças de equipamento e o próprio peixe sem que este venha a fazer mais atrito dentro de água. 
 




CÓDIGO ÉTICO DO PESCADOR SUBMARINO DESPORTIVO



O Pescador Submarino sabe que integra o meio natural, a par dos outros seres vivos.

Conhece a sua atividade: a forma como se desenrola, as suas presas, as relações que se estabelecem com o meio ambiente e as leis que o regem.

Tem consciência do impacto que exerce. Procura integrar-se, minimizando esse impacto e preservando o meio e os outros seres, como a si próprio.

O verdadeiro Pescador Submarino não destrói: pesca! Portanto seleciona as suas presas.

Pesca os exemplares maiores, os adultos que já cumpriram as suas naturais funções, de reprodução ou outras.

Protege e respeita as espécies raras ou ameaçados de extinção.

Respeita os defesos, naturais, legais ou outros.

É generoso na vitória, não maltrata nem despreza as suas presas.

Entende que o troféu lhe dá a si o valor, na razão direta do esforço e dificuldade que enfrentou para o obter.

Usa da melhor maneira tanto as suas capacidades físicas e mentais como o equipamento

É honesto na forma como pesca, na obtenção de troféus e presas, no melhor espírito e ética desportivas.

Respeita os outros utilizadores do mar, partilha-o e auxilia. No mar a ajuda é obrigatória e na solidariedade obtém também dos outros o apoio.

O Pescador Submarino aceita que outros tenham desta atividade, conceitos contrários aos seus. Não fere suscetibilidades, sejam de natureza ética, profissional, religiosa ou a simples sensibilidade dos outros; tenta por atitudes positivas, modificá-los.

O Pescador Submarino reúne o máximo de informação sobre o meio e os seres que nele se encontram, tal como sobre si mesmo.

O Pescador Submarino divulga o seu conhecimento, ajudando a elevar a Pesca Submarina, que assim pode evoluir e preservar-se.


Comentários

Ave Horta disse…
Parabéns pelo artigo
Mar Livre disse…
Obrigado meu amigo, vamos continuar colocar mais artigos e vídeos do género.
Bons mergulhos!!

Segue-nos também em:

https://youtu.be/OnnwQwDwZoA

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